quinta-feira, 4 de julho de 2024

Feiticeiro

Números se mostram ou não se mostram
E os seres humanos muitas vezes apresentam
Obsessão por eles
Se alguém conta passos conta gotas
Conta tudo por muitas vezes
Ao longo do dia
A psicologia nos ensina que esse sujeito
Apresenta aritmomania que é um transtorno
Obsessivo-compulsivo, o famoso toc.
De certo modo é a espécie inteira
Que apresenta essa condição psíquica;
Ou isso é coisa da nossa cultura
Da civilização globalista na qual
Estamos, porque contamos tudo,
O tempo todo, e baseados no fato
Que correlacionamos com cada
Resultado numérico, somos instados
A fazer, refazer ou não fazer
Coisas e loisas, cousas muito loucas,
Causa de preocupação e tensão.
Então a pessoa precisa verificar
O número da pressão e de mais mil
Índices em si e no mundo.
Veja, por exemplo, a questão do tempo,
Que o senso comum ocidental herda
Da filosofia clássica como sendo
O número do movimento,
Conforme afirma Aristóteles de Estagira.
Bem, é verdade que também temos
Uma atenção exagerada com as palavras.
Mas voltando ao tempo, a física seguiu
Por muito tempo o pensamento do estagirita,
Mas com a teoria da relatividade do Einstein
O tempo se torna algo teórico, uma forma
Numérica pela qual podemos matematizar
A experiência física, o tempo como dimensão do
Espaço, este não sendo nada de palpável
Nem energia nem partículas, mas mesmo
Assim se curvando, isto é, fazendo reentrância
À volta de cada corpo no espaço,
Seja uma formiga seja um mega astro,
E essa curvatura do espaço tempo produz
Em cada região do espaço a sensação do tempo,
Bem como a sensação do espaço, isto é,
Curva-se algo que não está lá
E aí ele é sentido como força gravitacional
E transcorrer do tempo. Posso estar errado,
Mas eu vejo aí uma influência de outro Ari,
O Arístocles também chamado de Plato,
No seu livro Timeu, quando fala da khora.
Monsieur Henry Bergson escreveu e encantou plateias
Afirmando o tempo puro,
Recusando o tempo espacializado
Pensado pelo Herr Albert Einstein.
Por outro lado, os artistas de várias artes,
Exemplifico com a literatura,
Mas acontece com cinema, pintura,
Escultura, música, dança etc.,
Os artistas muitas vezes trabalham
Com um tempo que não é o tempo cronológico
Que é a contagem do movimento dos corpos pro Aristóteles
E a curvatura que um corpo faz no espaço tempo
Segundo a relatividade
O tempo psicológico é o tempo da narrativa
Ou o não espaço do sujeito lírico
Que transcorre diferente
E pode ser mais longo do que o referente
Por exemplo, nos monólogos interiores
Dos romances e contos de Mister James Joyce.
Mas o tempo puro não se trata do tempo físico
Nem do tempo psicológico, também.
Eu mesmo escrevi um livro falando sobre Aion
Como a experiência que temos do tempo puro.
Isso é complicado, mas lembremos dos números,
O importante é pensar que podemos ser mais
Do que as contas e cotas que a sociedade
Aliada à nossa subjetividade
Querem de nós.
É costume das pessoas chamarem quem faz isso
De feiticeiro, porém falar assim é mais um erro,
Um algoritmo ou uma palavra a mais.


Henri Bergson

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