Números se mostram ou não se mostramE os seres humanos muitas vezes apresentam
Obsessão por eles
Se alguém conta passos conta gotas
Conta tudo por muitas vezes
Ao longo do dia
A psicologia nos ensina que esse sujeito
Apresenta aritmomania que é um transtorno
Obsessivo-compulsivo, o famoso toc.
De certo modo é a espécie inteira
Que apresenta essa condição psíquica;
Ou isso é coisa da nossa cultura
Da civilização globalista na qual
Estamos, porque contamos tudo,
O tempo todo, e baseados no fato
Que correlacionamos com cada
Resultado numérico, somos instados
A fazer, refazer ou não fazer
Coisas e loisas, cousas muito loucas,
Causa de preocupação e tensão.
Então a pessoa precisa verificar
O número da pressão e de mais mil
Índices em si e no mundo.
Veja, por exemplo, a questão do tempo,
Que o senso comum ocidental herda
Da filosofia clássica como sendo
O número do movimento,
Conforme afirma Aristóteles de Estagira.
Bem, é verdade que também temos
Uma atenção exagerada com as palavras.
Mas voltando ao tempo, a física seguiu
Por muito tempo o pensamento do estagirita,
Mas com a teoria da relatividade do Einstein
O tempo se torna algo teórico, uma forma
Numérica pela qual podemos matematizar
A experiência física, o tempo como dimensão do
Espaço, este não sendo nada de palpável
Nem energia nem partículas, mas mesmo
Assim se curvando, isto é, fazendo reentrância
À volta de cada corpo no espaço,
Seja uma formiga seja um mega astro,
E essa curvatura do espaço tempo produz
Em cada região do espaço a sensação do tempo,
Bem como a sensação do espaço, isto é,
Curva-se algo que não está lá
E aí ele é sentido como força gravitacional
E transcorrer do tempo. Posso estar errado,
Mas eu vejo aí uma influência de outro Ari,
O Arístocles também chamado de Plato,
No seu livro Timeu, quando fala da khora.
Monsieur Henry Bergson escreveu e encantou plateias
Afirmando o tempo puro,
Recusando o tempo espacializado
Pensado pelo Herr Albert Einstein.
Por outro lado, os artistas de várias artes,
Exemplifico com a literatura,
Mas acontece com cinema, pintura,
Escultura, música, dança etc.,
Os artistas muitas vezes trabalham
Com um tempo que não é o tempo cronológico
Que é a contagem do movimento dos corpos pro Aristóteles
E a curvatura que um corpo faz no espaço tempo
Segundo a relatividade
O tempo psicológico é o tempo da narrativa
Ou o não espaço do sujeito lírico
Que transcorre diferente
E pode ser mais longo do que o referente
Por exemplo, nos monólogos interiores
Dos romances e contos de Mister James Joyce.
Mas o tempo puro não se trata do tempo físico
Nem do tempo psicológico, também.
Eu mesmo escrevi um livro falando sobre Aion
Como a experiência que temos do tempo puro.
Isso é complicado, mas lembremos dos números,
O importante é pensar que podemos ser mais
Do que as contas e cotas que a sociedade
Aliada à nossa subjetividade
Querem de nós.
É costume das pessoas chamarem quem faz isso
De feiticeiro, porém falar assim é mais um erro,
Um algoritmo ou uma palavra a mais.