sexta-feira, 31 de maio de 2024

Moto contínuo

Em seu livro de 1956 Movimento Perpétuo (Coimbra: Oficina Atlântida) António Gedeão apresenta a poesia Pedra Filosofal
Que foi musica por Manuel Freire em 1970 e se tornou um hino de resistência contra a ditadura portuguesa na época;
António Gedeão (pseudônimo literário; em português de Portugal eles escrevem António porque é assim mesmo que eles pronuciam), o poeta que é autor do livro,
Era também professor de Física e Química e foi membro da Academia de Ciências de Lisboa; seu nome era Rómulo Vasco da Gama Carvalho;
Leia a Pedra Filosofal dele, é fácil de encontrar, depois continue com esta poesia aqui;

É realmente um texto muito bonito, e serviria talvez como argumento enganoso para aqueles que falam
Que os termos da Alquimia se constituem em metáforas, símbolos de estados psicológicos etc.
Bem, o tema da poesia é o sonho, nos dois sentidos, tanto o sonho fisiológico que sonhamos quando dormimos
Quanto a aspiração que faz com que o ser humano sempre invente coisas e queira melhorar o mundo e a si mesmo;
Na verdade os dois títulos estão muito bem cuidados, não foram mal escolhidos, e, nova/mente, não há nada metafórico aí, o poeta-cientista sabe ser alquimista;
Essa qualidade plástica, elástica e produtiva dos sonhos nos dois sentidos é um verdadeiro motor contínuo que aciona o afeto nos seres
E lhes permite ter a qualidade fluida e adaptativa da água;
A água é um dos quatro elementos dos filósofos, os quais na realidade se constituem em cinco,
E cada um deles, sendo uma força da matéria, nos traz muitas qualidades e características, as quais podemos utilizar
No nosso trabalho; no caso da água, ela é mercurial, tudo é mercúrio, enxofre e sal, mas sempre com uma preponderância
E a da água é essa: é por isso que ela é o nosso acionador das ações, sensações e pensamentos, e nos contempla
Com o moto perpétuo.

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